top of page
Hemp Fiber Nepal
bk fiber2.jpg
bkhempfiber1
bk fabric4.jpg

A cultura do cânhamo do Nepal

O cânhamo nepalês é cultivado em regiões remotas do oeste do Nepal, em altitudes que variam de 1.500 a 3.000 metros, em diversos distritos como Darchula, Bajhang, Bajura, Dailekh, Jajarkot, Rolpa e Rukum. Grupos nativos como os Magar, Tamang e Gurung, de língua tibeto-birmanesa, preservam as tradições milenares do cultivo da Cannabis e da tecelagem de cânhamo.

Diferentemente de outras regiões do mundo em que são usadas sementes certificadas que possuem em torno de 0,3% de THC para o cânhamo industrial, no Nepal o cultivo da Cannabis possibilita a extração de sementes, de agente psicoativo (charas) e de fibra num mesmo cultivo, a partir de sementes selvagens de cannabis.

As sementes, além de suma importância para multiplicar as safras posteriores, são também fundamentais na restrita dieta dos nativos locais - por serem ricas em proteínas e ácidos graxos - na qual são consumidas cruas, secas, torradas, moídas e em óleos.

As fibras são fiadas em cordas, fios grossos e finos, destinados a tecelagem de tecidos comerciais, para a confecção de utensílios como sacos de grãos, cobertas e roupas tradicionais para o mercado interno.

O charas, que é vendido pelas comunidades, além de ser um meio de subsistência, também desempenha um papel cultural e religioso, onde os devotos de Lord Shiva consideram que o ato de fumar os liberta e os distância das tentações terrenas, pois permite a fusão total com o mundo circundante. Em festividades anuais, no Nepal e na Índia, como o Mahâshivarâtri, - “Grande noite de Shiva” - o charas é consumido em rituais pelos Sadhus por meio do chillum, um cachimbo tradicional, que simboliza o corpo de Shiva; o charas simboliza a mente, e a fumaça, a divina influência dos deuses.

bk robert4.jpg
Robert Clarke
bk robert2.jpg
Robert Clarke
bk robert.jpg
Robert Clarke
Robert Clarke
Cultivo, colheita e extração
Robert Clark
Robert Clark

Entre final de maio e início de julho, o solo é arado e semeado com grandes quantidades de sementes para que as plantas, ao crescerem, não tenham espaço para se ramificarem e cresçam em linha reta, atingindo maiores alturas, e assim se obtenha boas fibras para a tecelagem. Nenhum nutriente é adicionado e a cultura não é irrigada pois recebe água das chuvas de primavera e das monções de verão.

Robert Clark
bk robert clark.jpg

De outubro a início de dezembro, a Cannabis é colhida pela manhã, depois que o orvalho evapora. As plantas são arrancadas do chão, têm as raízes cortadas e são colocadas ao sol para aquecer. As sementes e as folhas são retiradas e as flores colhidas e esfregadas em movimentos vigorosos com as mãos durante vários minutos para extrair o charas, espécie de haxixe que tem a resina extraída com a planta ainda viva. Essa foi possivelmente a primeira técnica de extração usada pelas sociedades antigas para coletar resina.

bk charas.jpg
Robert Clark
bk robert clark2 .jpg
Robert Clark

Os caules possuem de 4 a 15mm de diâmetro na base; os mais finos são preferidos para fiações mais finas. Eles são classificados por diâmetro, secos, empacotados e armazenados até a finalização da colheita. Depois passam por um processo chamado retting, onde são mergulhados em água por dias, para dissolver grande parte dos tecidos celulares e pectinas em torno dos feixes da fibra-bastão, facilitando assim a separação das fibras do caule.

As fibras são então separadas com as mãos, ou com a ajuda da boca, e penduradas para secar ao sol. Após secarem, são fervidas em água com cinzas de madeira (para clarear), resfriadas, enxaguadas com água corrente, batidas em pedras e secas novamente. Num processo repetitivo, as fibras secas serão batidas, enxaguadas e secas várias vezes, até ficarem macias o suficiente para o processo de fiação.

bk menino e menina roca.jpg
Bakedbrain®
Kathmandu, Nepal
Fiação e Tecelagem

Utilizando uma roca de fiar tradicional, conhecida como tikuli ou charkha, as mulheres torcem e unem as fibras, aumentando seu comprimento e tornando-as firmes por meio de mais torções. A partir daí, os fios podem ser preparados para serem usados no urdume e na trama, no processo de tecelagem que geralmente ocorre em Kathmandu.

bk roca 1.jpg
bk fabrica fiacao.jpg
88E37B76-E47E-471B-9AE6-C37CA9A6946D.jpe
6F4F91F1-F792-4AB5-B700-41FF37F361A3.jpe
0D5690A6-B325-4812-AB7C-E7F72B45EC7B.jpe
Bakedbrain®
bk tear1.jpg
E076A166-C110-4E26-BAF5-7E54A42AC777.jpe
bk tear2.jpg

Nesse processo de tecelagem são usados teares de pedal de baixo pente liço, nos quais cada pedal movimenta um liço. Nesse caso, são teares que utilizam dois liços para a execução das padronagens. O urdume é o conjunto de fios dispostos longitudinalmente no tear e pelos quais passa o fio da trama. Eles são passados um por um pelos orifícios localizados nos pentes liços.

Bakedbrain®
Bakedbrain®
Bakedbrain®
bk tear4.jpg
bk fabric1.jpg
bk fabric3.jpg
bk fabric2.jpg
Bakedbrain®
Bakedbrain®

Referências: "Traditional Cannabis Cultivation in Darchula District, Nepa l– Seed, Resin and Textiles. Journal of Industrial Hemp, Vol. 12 (2) 2007" A pesquisa citada e algumas das imagens contidas nessa página são de autoria de Robert C.Clarke, pesquisador de Cannabis e Gerente de Projetos da Associação Cannábica Internacional em Amsterdam, autor de “A Botânica e Ecologia da Cannabis”, “Botânica da Maconha”, “HASHISH!” e “Cannabis: Evolution and Ethnobotany” e autorizadas pelo mesmo.

Utilizamos algumas imagens desse estudo que foram previamente autorizadas por Robert Clarke.

bottom of page